Da prevenção à escalada do negócio – A importância do Acordo de Sócios o âmbito do empreendedorismo inovador
Atualmente, vive-se um momento de grande expansão do ecossistema do empreendedorismo inovador no Brasil. Crescimento que destaca a importância de uma infraestrutura jurídica robusta, mais sólida e capaz de dar suporte ao crescimento e à entrada de investidores.
O acordo de sócios é um documento particular que, em meio a pitchs, MVPs e rodadas de investimento, costuma ser deixado para depois, embora seja útil para se estabelecer um feixe de direitos e obrigações com a finalidade de atender os interesses comuns em relação à sociedade.
O senso comum faz acreditar que o contrato social registrado na Junta Comercial já garante a harmonia societária para o desenvolvimento do negócio. Porém, o contrato social é mais genérico, definindo o mínimo exigido por lei, sem detalhar as regras da convivência societária no dia a dia da operação.
O Acordo de Sócios é um contrato estratégico e preventivo, que organiza as responsabilidades, protege a empresa contra conflitos internos e alinha os interesses dos fundadores e investidores. E, por isso, estabelece-se uma base de normas de convívio essenciais à governança jurídica e escalabilidade do negócio.
Com efeito, espera-se que os sócios tenham confiança mútua e adotem uma postura de cuidado e proteção durante todo o processo da relação obrigacional, de modo a viabilizar o cumprimento do programa contratual estabelecido entre os sócios que passam a assumir a função de conjuntamente propiciar a manutenção do espírito de colaboração mútua destinada ao cumprimento do projeto.
A ausência do referido acordo pode trazer alguns riscos reais para a empresa, como desalinhamento entre fundadores, que resulta em paralisia do operacional do negócio; a saída de sócio, inesperada ou não, que fomenta disputas sobre participação societária e/ou propriedade intelectual, levando à judicialização de conflitos internos que pode levar à dissolução da empresa ou a sua perda de valor no mercado.
A governança jurídica é um pilar fundamental para a trajetória de crescimento de qualquer empreendimento. Um planejamento jurídico proativo não apenas confere maior atratividade e segurança aos olhos de potenciais investidores, mas também explicita um comprometimento intrínseco com a expansão organizada e focada da operação.
Em contrapartida, a negligência da governança jurídica em um negócio pode emitir sinais preocupantes de desordem interna, vulnerabilidade a riscos legais e, consequentemente, uma erosão da credibilidade institucional perante o mercado. Na prática, essas lacunas podem se traduzir em obstáculos significativos para a obtenção de investimentos cruciais, uma vez que a ausência de uma estrutura de governança bem definida tende a dissuadir os investidores em busca de oportunidades de negócio seguras.
Ao formalizar as relações entre os sócios, o referido acordo estipula direitos e deveres, prevê mecanismos de resolução de conflitos e, assim, pavimenta o caminho para uma expansão estruturada. Alinhamento com as melhores práticas do mercado fortalece a confiança dos stakeholders, consolidando as bases para um sucesso duradouro e em conformidade com os padrões de excelência do mercado.